quarta-feira, 9 de abril de 2008

O que foi visto na visita ao Museu Nacional (Darwin)

Trechos retirados da visita :

É interessante contemplar uma encosta confusamente entrelaçada, revestida por
diversas plantas de diversos tipos, com pássaros cantando nos arbustos, com vários
insetos voando, e com minhocas rastejando na terra úmida, e pensar que essas formas
elaboradamente construídas... foram todas produzidas por leis agindo à nossa
volta...
Há uma grandeza nessa visão da vida, com seus diversos poderes, havendo sido
originalmente insuflados em algumas poucas formas ou em uma só; e que, enquanto
este planeta esteve revolucionando de acordo com a fixa lei da gravidade, a partir de
um início tão simples, infinitas formas, as mais belas e mais maravilhosas, evoluíram
e continuam evoluindo.
DARWIN, Charles

O mundo antes de Darwin
Antes do nascimento de Darwin, a maioria das pessoas na Inglaterra aceitava certas idéias a respeito do mundo natural da maneira que eram apresentadas. As espécies não eram ligadas a uma única “árvore genealógica”. Elas eram desconectadas, não-aparentadas e imutáveis desde o momento de sua criação. E pensava-se que sendo a própria Terra tão jovem – talvez cerca de 6.000 anos – o tempo não seria suficiente para que uma espécie mudasse. De qualquer forma, as pessoas não faziam parte do mundo natural; elas estavam acima e fora dele.
Essas atitudes refletiam uma estável e imutável visão geral do mundo. Havia uma ordem natural das coisas. A maioria dos ingleses vivia em comunidades rurais e não se afastava muito de onde havia nascido. Suas vidas eram bem semelhantes às de seus pais. Logo a Revolução Industrial e as reformas democráticas refariam a sociedade – mas antes de Darwin, ainda era possível considerar o mundo como atemporal, eterno e imutável.

Jovem darwin :
Ovos de pássaros e conchas marinhas, besouros e moedas,
mariposas e minerais – quando criança, Charles Darwin colecionava isso e mais. Nascido em 1809 em uma família abastada na Inglaterra rural, ele passava horas observando pássaros e lendo, deitado embaixo da mesa da sala de jantar.
Entretanto, era um aluno indiferente e a escola o aborrecia. Ficava desesperado com o Latim e com a memorização de versos que, como ele dizia, “eram esquecidos 48 horas depois”. Mas ele nunca se cansava deestudar os detalhes do mundo natural.

“Caçada, Cães e Capturar Ratos”
A mãe de Charles estava freqüentemente doente quando ele era pequeno e veio a falecer quando ele tinha oito anos. No ano seguinte ele foi enviado para um internato perto de sua casa, em Shrewsbury. Odiava o aborrecido currículo da escola, que se baseava na memorização do Grego e do Latim. “Nada poderia ser pior para o desenvolvimento de minha mente do que a escola do Dr. Butler”, veio a declarar Darwin.
Impaciente com a falta de progresso de Charles, seu pai o tirou da escola e o enviou para a Universidade de Edimburgo, na Escócia, para estudar medicina, como o seu pai e avô antes dele. Quando Charles não demonstrou qualquer interesse em se tornar médico, Robert explodiu. “Você não se interessa por nada, a não ser caçada, cães e capturar ratos; você será uma desgraça para si mesmo e para toda a sua família”. Em seguida, Charles foi enviado por seu pai para a Universidade de Cambridge a fim de se preparar para uma carreira na igreja. Charles não fez nenhuma objeção. Uma paróquia tranqüila seria o lugar adequado para perseguir o seu interesse em história natural.

o Beagle
Uma Viagem ao Redor do Mundo

Em 1831, Charles Darwin recebia um convite surpreendente: juntar-se à tripulação do HMS Beagle na função de naturalista em uma viagem ao redor do mundo. Durante a maior parte dos cinco anos seguintes, o Beagle investigou a costa da América do Sul, dando liberdade a Darwin para explorar o continente e as ilhas, inclusive as Galápagos. Ele encheu dúzias de cadernos de anotações com cuidadosas observações geológicas, bem como de animais e plantas, e coletou milhares de espécimes que encaixotava e enviava para casa para uma análise mais minuciosa. Mais tarde, Darwin declarou que a viagem no Beagle havia sido para ele “o acontecimento mais importante de minha vida”, dizendo também que ela “determinou toda a minha carreira”.
Ao iniciar a viagem, Darwin tinha 22 anos, um jovem recém-formado ainda planejando uma carreira eclesiástica. Quando voltou para casa, já era um naturalista estabelecido, bem conhecido em Londres pelas impressionantes coleções que havia enviado durante a sua viagem.
Ele também se transformara de um observador promissor em um teórico meticuloso. A viagem no Beagle iria lhe proporcionar toda uma vida de experiências sobre as quais ponderaria – e as sementes de uma teoria à qual se dedicaria pelo resto de sua vida.

Uma Viagem de Cinco Anos
O capitão e a tripulação do HMS Beagle planejaram inicialmente uma viagem de dois anos ao redor do mundo. Entretanto, a viagem levou quase cinco anos, de dezembro de 1831 a outubro de 1836. O principal propósito da viagem, patrocinada pelo governo britânico, era pesquisar o litoral e mapear os portos da América do Sul, a fim de atualizar os velhos mapas e proteger os interesses ingleses nas Américas.
Entretanto, além da missão oficial do navio, a intenção era que Darwin realizasse observações científicas. Assim, enquanto o navio sistematicamente media as profundidades do oceano, Darwin ficava em terra para explorar e coletar espécimes. De fato, Darwin passou dois terços de seu tempo em terra firme, principalmente em áreas selvagens do Brasil, Argentina, Chile e em áreas remotas como as Ilhas Galápagos. De qualquer maneira, o trabalho de Darwin teve grande êxito. Ele levou de volta mais de 1.500 espécies diferentes, centenas das quais eram totalmente desconhecidas na Europa.

Como Sabemos que os Seres Vivos São Aparentados?
Um impressionante número de evidências demonstra que todas as espécies são relacionadas – ou seja, todas descendem de um ancestral comum. Há cento e cinqüenta anos, Darwin percebeu a evidência desse parentesco em notáveis semelhanças anatômicas entre diversas espécies, tanto vivas quanto extintas. Hoje verificamos que a maioria dessas semelhanças – tanto na estrutura física quanto no desenvolvimento embrionário – são expressões de DNA compartilhado: o resultado de uma ancestralidade comum.

Árvore da Vida
A árvore da vida, também chamada de árvore filogenética, é uma ferramenta gráfica que os biólogos usam para retratar as relações evolutivas entre plantas, animais e todas as outras formas de vida. A árvore revela histórias evolutivas: cada “encruzilhada do caminho”, ou ponto de ramificação, indica um ancestral comum que se desdobra em dois descendentes.
E quanto menos pontos de ramificação existirem entre quaisquer duas espécies, mais proximamente elas são relacionadas – uma característica de grande valor preditivo. De fato, um botânico que descobre uma útil propriedade farmacológica numa espécie de planta pode pesquisar espécies “irmãs” por propriedades semelhantes.
A partir de Darwin, os cientistas concentraram-se em características anatômicas compartilhadas para determinar relações evolutivas. Mais recentemente, eles aprenderam que a história da evolução também está registrada no DNA, o conjunto de instruções para forjar corpos, codificado em todas as células vivas. Quando plantas e animais se reproduzem, eles transmitem
cópias de seus DNA para a sua prole. Mas, com o tempo, o DNA de uma espécie muda, geralmente em função de erros de cópia conhecidos como mutações. Os cientistas podem comparar o DNA para ajudá-los a determinar as relações evolutivas: de maneira geral, quanto maior for a diferença no DNA de duas espécies, tanto mais tempo deve ter decorrido desde que os dois grupos eram um só, já que divergiram de um ancestral comum.

Quanto Tempo Leva Uma Evolução?
A evolução não tem um único cronograma. Às vezes, novas espécies ou variedades surgem em questão de anos ou até mesmo dias. Outras vezes, espécies se mantêm estáveis durante longos períodos, apresentando pouca ou nenhuma mudança evolutiva. Entretanto, as características dos organismos que se reproduzem em poucas horas, como as bactérias, podem potencialmente evoluir muito mais depressa do que em organismos cujas gerações são medidas em meses ou anos, como os cavalos.

O que de fato difere Darwin de Lamarck?
Foco: a visão da diversidade em Darwin
Uma das peças da exposição é o livro de notas B, aberto na página onde, no topo, Darwin escreveu: I think (Eu penso) e depois desenhou uma árvore, a árvore genealógica da vida.
Mostrando aos alunos a árvore genealógica da vida, qual a leitura que eles fazem desse pensamento visual de Darwin para representar a descendência evolutiva?
Esse desenho, com as mais antigas formas na base e seus descendentes ramificando-se irregularmente ao longo do tronco, revela que Darwin entendia que todas as plantas e animais eram aparentados. O antigo grupo fundamental – marcado “1” no desenho – está na base. Os ramos representam grupos de descendentes aparentados. A grande lacuna entre o ramo A e o ramo D assinala um parentesco distante. Darwin escreve em páginas mais adiante: “Por exemplo, haveria uma grande lacuna entre aves e mamíferos”. Os ramos sem letras, como aqueles acima de A e à esquerda e à direita do tronco principal, são os extintos.
A partir do momento que Darwin começou a pensar seriamente sobre evolução, ele entendeu suas idéias centrais com surpreendente rapidez. Levou apenas cerca de um mês entre o início de seu caderno de anotações exclusivo sobre transmutação, por volta de julho de 1837, e o esboço do seu inconfundível rascunho de uma árvore genealógica.
Darwin confiava em seus cadernos de anotações. Ele colocava neles idéias particulares, perguntas e fragmentos de diálogos relacionados com o seu pensamento sobre “transmutação” – o que hoje chamamos de “evolução”.
Os cadernos revelam uma grande mente formando uma grande idéia: plantas e animais não são fixos e imutáveis. Ao contrário, todas as espécies são relacionadas por uma ancestralidade comum e mudam com o tempo.
Para Lamarck, imerso no mundo da Grande Corrente dos Seres, a complexidade dos seres vivos se organizaria em uma longa série linear, progressiva, do mais simples ao mais complexo (o ser humano). Para Darwin, com sua visão divergente (daí a analogia com a árvore), isso não fazia qualquer sentido. Para ele não existia uma espécie mais evoluída que a outra atual. Todas as espécies atuais seriam as mais evoluídas de suas linhagens, compartilhando o mesmo horizonte temporal.

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